O flerte com a inovação
Sábado, seis da manhã. O motivo de acordar tão cedo é trabalho. Seria incômodo se não fizesse o que gosto, mesmo cansado. No local de trabalho câmeras prontas, filmes separados, mochila equipada.
No estacionamento, a carona. Destino, Praia Vermelha. Até lá uma viagem tranqüila, segura e sem pressa. Chegada adiantada. Para matar o tempo gastar uns poucos fotogramas em PB. O flerte? Poder captar em uma lente 50 mm tudo provido por Deus.
Na volta, o Pão-de-Açúcar, avistar o Cristo, pegar a estrada. Retornando ao local de trabalho dá pra sentir no peito um batimento mais forte, uma inquietação na cabeça que se manifestava em meus movimentos. Ir ao encontro de amigos.
É lá que, com eles, encontro a morada, que tenho a sensação de pertencimento, quando há discussões e idéias mostrando nosso caráter. Boas conversas e violão inquieto na madrugada.
O dia seguinte
O enterro dos ossos. Levantar às 13 horas e ainda com o cansaço no corpo, limpeza da bagunça notívaga. Para quem esperava retornar ao lar e preparar-se para mais uma semana exaustiva, um deleite visual. Ela! Impecável, de olhos verdes, cabelos loiros, pele avermelhada de sol e marca de biquíni. Agora sim, vem um forte desejo de flertar com a inovação. Mas não o faço.
Hora do almoço. Família reunida, fartura na mesa. Papos triviais inicialmente despretensiosos, mas que viram conversas que tomam rumo à ponto de extrair pensamentos, opiniões. Não era apenas uma ‘embalagem’ bonita, havia conteúdo. Intercalando a verbalização de suas crenças, o comer de doces e frutas.
Com suas mãos levava aos lábios róseos e carnudos o fruto. Não via algo tão simples e sensual há tempos. Enquanto chupava uma pequena uva verde, o par de olhos também esverdeados exprimia prazer. Todos nos deslocamos a um lugar mais confortável. Foi quando dava conta de seus 1,65 metros, pernas bronzeadas e torneadas, corpo atlético, finalizado com um sorriso contagiante.
Deitada ao meu lado lendo um livro e regado ao som de Paralamas do Sucesso, Me Liga, com uma velha vitrola ao lado da janela, pensamentos me impedindo o dizer e fazer. Ainda que não o fizesse, foi bom ter sido como realmente foi. O que queria era flertar com a inovação e esquecer daqueles momentos medíocres que revivo durante a semana. No fim da tarde, coube a mim dizer até logo e preparar-me a mais uma semana, com a força do Homem lá de cima. Ah sim, a em relação à música daquele momento... a última estrofe diz muito.