domingo, 12 de outubro de 2008

Flerte Com A Inovação

É engraçado como o simples, mas esperado, cessar das atividades rotineiras pode ser um regozijo. A chance de sentar e ver o mar bater nas rochas.

O flerte com a inovação

Sábado, seis da manhã. O motivo de acordar tão cedo é trabalho. Seria incômodo se não fizesse o que gosto, mesmo cansado. No local de trabalho câmeras prontas, filmes separados, mochila equipada.

No estacionamento, a carona. Destino, Praia Vermelha. Até lá uma viagem tranqüila, segura e sem pressa. Chegada adiantada. Para matar o tempo gastar uns poucos fotogramas em PB. O flerte? Poder captar em uma lente 50 mm tudo provido por Deus.

Na volta, o Pão-de-Açúcar, avistar o Cristo, pegar a estrada. Retornando ao local de trabalho dá pra sentir no peito um batimento mais forte, uma inquietação na cabeça que se manifestava em meus movimentos. Ir ao encontro de amigos.

É lá que, com eles, encontro a morada, que tenho a sensação de pertencimento, quando há discussões e idéias mostrando nosso caráter. Boas conversas e violão inquieto na madrugada.

O dia seguinte

O enterro dos ossos. Levantar às 13 horas e ainda com o cansaço no corpo, limpeza da bagunça notívaga. Para quem esperava retornar ao lar e preparar-se para mais uma semana exaustiva, um deleite visual. Ela! Impecável, de olhos verdes, cabelos loiros, pele avermelhada de sol e marca de biquíni. Agora sim, vem um forte desejo de flertar com a inovação. Mas não o faço.

Hora do almoço. Família reunida, fartura na mesa. Papos triviais inicialmente despretensiosos, mas que viram conversas que tomam rumo à ponto de extrair pensamentos, opiniões. Não era apenas uma ‘embalagem’ bonita, havia conteúdo. Intercalando a verbalização de suas crenças, o comer de doces e frutas.

Com suas mãos levava aos lábios róseos e carnudos o fruto. Não via algo tão simples e sensual há tempos. Enquanto chupava uma pequena uva verde, o par de olhos também esverdeados exprimia prazer. Todos nos deslocamos a um lugar mais confortável. Foi quando dava conta de seus 1,65 metros, pernas bronzeadas e torneadas, corpo atlético, finalizado com um sorriso contagiante.

Deitada ao meu lado lendo um livro e regado ao som de Paralamas do Sucesso, Me Liga, com uma velha vitrola ao lado da janela, pensamentos me impedindo o dizer e fazer. Ainda que não o fizesse, foi bom ter sido como realmente foi. O que queria era flertar com a inovação e esquecer daqueles momentos medíocres que revivo durante a semana. No fim da tarde, coube a mim dizer até logo e preparar-me a mais uma semana, com a força do Homem lá de cima. Ah sim, a em relação à música daquele momento... a última estrofe diz muito.

sábado, 11 de outubro de 2008

Saudosismo

Em tempos, como os de hoje, lembro-me do Poema em Linha Reta de Fernando Pessoa. Os fodões e os ordinários, os olímpianos e os que querem ser algo além. Não sei criar música, não sou eloquente na fala, não sou atraente ou referencial às pessoas que quero, não tenho uma bela história de vida, tão pouco tenho lições a passar. Não estou no centro das atenções, mas observo atentamente tudo ao meu redor.

Posteridade… É tão importante assim? Se eu não tiver nada a passar? Será que tornarme-ei menos por não criar música, por não ter uma oratória que atraia à todos, em não entregar uma mensagem, por não estar sempre inspirado e contagiar o próximo com as minhas verves pessoais e íntimas? Estaria em menor estado de graça por não ter achado a minha vocação?

Daí aquela necessidade de pertencer à algo maior. O querer encontrar minha morada, meu lugar de pertencimento, encontrar o meu ethos. Ou, em termos mais atuais, encontrar a minha Lenda Pessoal, como já dissera o pop Paulo Coelho. Esses são meus breves momentos de conforto, quando penso em como gostaria que fosse certos pontos da vida.

É como são as coisas… não crio música, mas canto sem parar a mesma canção de todo dia. Não sou bom em conquistar os outros pela palavra dita, mas escrevo para mim, mesmo que não seja poeta e que ninguém venha a ler. Posso até mesmo não atrair os outros com os meus desejos bobos e pessoais, mas inspiro a mim mesmo quando mentalizo os mesmos. Esse é o ponto de equilibrio para mim, o sentir no corpo a harmônia. Música, cinema, amigos, uma conversa e até um simples pensar… Essa é a minha inspiração, que faz o sangue correr nas veias que lembra que vivo ainda estou.

Admito estar preso em uma sensação saudosista que traz consolo. De permanecer fincado em uma memória, de um instante que trouxe conforto, até porque me faz bem lembrar da sensação que foi de abrir um sorriso quando via e fazia com paixão o que dava na telha. É o degustar do bem-estar que sinto falta, e não experimentando mais disso, vem na cabeça a lembrança daquele sorriso na meia luz, o cheiro do perfume daquela pele e a voz aveludada no ouvido. Daí pergunto de novo se eu não deixar algo para a posteridade eu seria lembrado como? E mais, seria notado por essa pessoa em especial? É, não quero mais ter de sentir-me ínfimo em relação à quem realmente tenho apreço.

Eu quero um diferencial. Qual seria então? Me pego pensando no fim de meu tempo nessa Terra e como será. Quer combustível melhor para correr atrás de inspirações do que tomar ciência de que haverá o final da jornada de vida? As possibilidades até lá são grandes.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Sonho/Pensamento

Tenho o mesmo sonho/pensamento, constantemente. Uma discussão, palavras duras, egos feridos, verdades cruas e dolentes. Perco a confiança em mim, em todos. Às vezes é pior... Perco a fé em Deus por tanto rezar para que as coisas se ajeitassem. Eu bato a porta e saio descendo as escadas. Ligo o carro e disparo a mil por hora sem olhar pra trás. Nada mais importa. Tenho desapego, indiferença... Na verdade é mais... Fico com raiva, me sinto injustiçado. Fico descrente porque observo a vida criticar a verdade, as minhas verdades que com o tempo passei a dar atenção.

De repente, no carro, quando penso o quão cruel e injusto é o mundo, uma surpresa ainda mais desagradável. Um impacto a minha esquerda. O carro capota várias vezes e desacordo. Quando dou por mim estou em uma cama. Mal posso me mexer, com dores e todos dizem a tamanha sorte que tenho por ainda respirar. “É um milagre, é um milagre” dizem. Mesmo assim a mesma sensação de quando tinha ao entrar naquele carro ainda está lá. O fato de ter acontecido aquilo não alivia minha conduta emocional.
A pessoa por quem nutri grande afeição e até talvez algo mais, sequer por um breve momento aparece para saber como estou, e o que parecia impossível é verdade: ela se vai e não a vejo mais.

Mas pra minha sorte, é tudo um sonho. Eu literalmente acordo, me alivio de aquilo ter passado somente em minha cabeça, mas o que fica de verdade é aquela maldita sensação do sonho quando estava ao volante do carro que não vai embora, e ainda sinto impacto no meu corpo. A vontade é de abrir a porta do carro e sentar num meio-fio para abaixar a cabeça esperando o mal-estar daquela batida passar, e finalmente saber que tudo vai dar certo. Mas este momento de alívio, de total conforto espiritual ainda não chegou. Por vezes, subconscientemente, até desejei que acontecesse tamanho impacto como uma forma de reaproximação com ela. Mas tanto no sonho ou no dito ‘mundo real’, essa reaproximação não acontece. Num mundo que não te dá nada, nós precisamos de algo para acreditar. Ouça Something To Believe In, do álbum These Days

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Uma Dica de Viagem

A melhor trilha sonora é justamente aquela que você faz. Mas se você for viajar para um lugar, seja distante ou perto, minha dica é o álbum Cross Road – The Best of Bon Jovi! Tem como ficar indiferente, não balançar a cabeça ou até mesmo não querer cantar a música, senão o refrão da primeira faixa? “Oh We´re half way there, oh livin' on a prayer, take my hand… we´ll make it, I swear… Ohhhh livin' on a prayer…”


O álbum de 1994 reuniu até então os maiores sucessos da banda, salvo uma baladinha ou outra, acredite, é Hard Rock... E do bom! Há mesmo lá aquelas inspirações como no trecho de Wanted Dead Or Alive (em minha opinião uma das melhores faixas da carreira dos músicos):


Sometimes I sleep, sometimes it's not for days
And people I meet always go their separate ways
Sometimes you tell the day by the bottle that you drink
And times when you're all alone all you do is think
I'm a cowboy, on a steel horse I ride
I'm wanted (wanted) dead or alive
Wanted (wanted) dead or alive
Oh and I ride!

“Às vezes eu durmo, às vezes não é pelos dias. E as pessoas que encontro sempre seguem em caminhos diferentes. Às vezes você diz o dia pela garrafa que bebe e às vezes quando está sozinho, tudo o que faz é pensar. Eu sou um cowboy, num cavalo de aço eu ando. Sou procurado vivo ou morto”.

São de vinte anos de carreira. Vinte e cinco para ser mais exato, e uma ótima banda. Esta é a minha dica de viagem para você. Ligue o player do seu carro e coloque na primeira faixa, e deixe o som rolar. Não pule nenhuma faixa, existe um motivo para as músicas estarem nesta ordem e quando chegar as baladas românticas como Always, Bed of Roses, I’ll Be There For You e Never Say Goodbye, escute-as. Confesso que por vezes prefiro pular tais canções, mas como disse, há um propósito para elas.

Somente caia na estrada, abra a janela e ouça a composição, os riffs de guitarra, e o vocal marcante de Jon. Para encerrar, uma das minhas citações preferidas da música Wanted...

And I walk these streets, a loaded six string on my back

I play for keeps, 'cause I might not make it back

I been everywhere, still I'm standing tall

I've seen a million faces and I've rocked them all

Confira as faixas deste marcante álbum:
"Livin' on a Prayer" – 4:11
"Keep the Faith" – 5:46
"Someday I'll Be Saturday Night" – 4:39
"Always" – 5:53
"Wanted Dead or Alive" – 5:08
"Lay Your Hands on Me" – 5:59
"You Give Love a Bad Name" – 3:43
"Bed of Roses" – 6:34
"Blaze of Glory" – 5:40
"Prayer '94" – 5:17 (apenas E.U.A) / "In These Arms" - 5:19 / "Tokyo Road" - 5:42 (apenas Japão)
"Bad Medicine" – 5:16
"I'll Be There For You" – 5:43
"In and Out of Love" – 4:24
"Runaway " – 3:50
"Never Say Goodbye" – 4:49

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Um Papo Existencial em Paraty

Muito foi pensado quanto a que pôr escrito no trajeto a Paraty, e confesso que agora em que sento de frente para praia nada vem à mente. É o tal bloqueio criativo, não sei. Na primeira noite em companhia de amigos que cursam Comunicação Social, trafegamos pelas ruas do lugar (como o centro histórico) observamos as pessoas, fotografamos, compramos livros e adornos... Mas a atração principal foi a feira da FLIP (Festival Literário Internacional de Paraty), na qual diversas palestras interessantíssimas foram apresentadas.

Mas não estou a escrever aqui sobre o evento, e sim a experiência de divagar nos simples deleites da vida... Que “poetismo” barato, não? Deixe-me explicar. Dizem por ai que as melhores idéias ou conversas surgem na madrugada, despretensiosamente ou só por observar um fato. E sim, o papo até então sem compromisso tornou-se uma avaliação do mundo em uma ótica particular de cada um dos amigos (e de forma bem acalorada). Mas quem diabos sempre diz que esses ‘insights’ vêm na madrugada num papo consigo mesmo ou em grupo? Atrevo-me a responder que são eles. E quem são ‘eles’? Não sei! É como se fosse uma força maior e invisível, contudo presente na vida humana que sempre ganha peso quando um tema é esmiuçado. E quando perguntado quem diz isso é possível corroborar tal afirmação...

Alguns respondem com opiniões próprias (que o tempo todo é ou tem a desculpa de serem plausivamente justificados) ou algo que ouviram falar. Não importa, sempre existirá o coletivo, onipresente, invisível e mítico “Eles”.

Como ponto principal dos vários assuntos abordados em nossa roda, o por quê de questionar a vida. Saber até que ponto é válido questionar a existência, e por sempre questioná-la penso (pensamos) se o ato de fazer isso não seria deixar de viver... Embora interrogando seja uma forma de sofisticar o próprio conhecimento e assim viver melhor, com sabedoria.

Mas questionar a todo o tempo é cansativo, ainda mais quando não se obtém respostas. Daí argumento sobre quais pontos valem a pena ser levantados e se simplesmente ao se saturar de tantas observações e perguntas com relação a existência, se não seria apenas mais fácil ser, estar, aproveitar aquilo que nos foi dado e desenvolver o uso do nosso conhecimento, que é a sabedoria. Detectar que coisas são ditas como necessárias a serem analisadas e outras a simplesmente serem aceitas. Contentar-se só por existir e ser parte do todo, ou conformar-se e ter a certeza de que não se pode saber tudo. Saber que não se sabe é uma forma de conhecimento e de todas as perguntas levantadas durante tal madrugada, volta-se a questão inicial, básica a tudo... Citando Sócrates “Só sei que nada sei”. Singelo e direto, e ainda assim não vejo certeza absoluta se esta afirmação é correta diante do vasto conhecimento da Humanidade, mas é inegável que essa afirmação tem um homérico impacto.

É um ciclo sem fim, mas que tem seu inicio e sua volta a esta premissa. Um tanto paradoxal, já que, se é algo sem fim, não deveria existir ter um começo, meio e termino... Mas está lá na frase de Sócrates.


Quanto ao que se discutia para gerar tanta opinião, raciocínio lógico, tanto empenho de nossas faculdades mentais, eu não sei se importa tanto até por que poderia ser qualquer coisa, e o que interessava era o ‘conhecimento’, a existência da vida. Como todo ser humano é passível de erros, prefiro ater-me em simplesmente aceitar certas coisas como elas são (embora seja muitíssimo importante indagar, protestar e não se conformar facilmente com nada, se isso trouxer a melhoria do todo, do coletivo). Para muitos pode ser visto como uma mera desculpa e preguiça de racionalizar tudo, para outros é apenas abraçar e ficar inebriado pelos instintos básicos humanos (e não é isso que somos, humanos?)

Religião, Ciência, Ceticismo, Ateísmo... Será que não é um jeito desesperado de justificar uma existência e dar rumos importantes, que tenham significado a nós mortais? Um jeito de nos sentirmos bem conosco?

Tudo escrito deve soar contraditório, paradoxal, mas deixo aqui a minha interrogação: ”Até que ponto vale a pena questionar a existência, o todo, se isso traz gasto de energia vital a nós?” Sempre voltamos ao ponto de partida, já que é a pergunta que nos move... “Por quê?”. Talvez seja arrogância dizer que conseguiremos saber tudo. Somos humanos e não Deus.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Debute

Bom, recebi o convite de meu amigo Rafa 'Cyd' para responder simples perguntas quanto ao motivo deste blog. Que venham as perguntas...

1 - Por que resolveu criar o blog?
Para escrever sobre o que simplesmente não falo aos outros, ou todo o sentido de minhas idéias que não conseguem ser transpassadas pelo que literalmente digo.

2 - O que te dá mais prazer em blogar?
'Imortalizar' em palavras os pensamentos, vontades e idéias.

3 - Indique um blog bom e um do qual você não goste (essa vai ser difícil) e por quê?
De que eu não gosto não sei qual (quais) apontar... mas diria que o blog sobre cinema do Kapow encontrado no site heroi.com.br. O endereço é http://blogdosadovski.wordpress.com/.

4 - Qual tipo de música e quais suas bandas favoritas?
Sou eclético! Curti aqueles principais ícones da década de 90, não nego! Mas tenho de dizer que ouço muito Rock 'n' Roll... não me acho um aficcionado pelo gênero, até pq eu sei reconhecer quem são... Eu apenas reverencio o poder musical deste estilo.
Bandas??? Queen, Iron Maiden, Jon Bon Jovi, Metallica, Paralamas do Sucesso, um pouco de Skank, Aerosmith, U2, um pouco de Beatles e Stones, Foo Fighters, Capital Inicial...

5 - Qual o assunto que você mais gosta de postar?
Gosto muito de música e cinema e aqui postarei sobre isso de um jeito bem particular, se encontrar ligação entre minhas vontades e essas formas de arte.

6- Seaquinevassevoceusavaesqui?
Cuma?

7 – Você é: casado, solteiro, separado, enrolado, desquitado, chutado, viúvo ou outros?
Embora esteja sempre enrolado com um rabo de saia diferente, prefiro dizer que estou em busca pela simples adequação pela vida. Nossa, poético, não?

8 – Por que você deu este nome ao seu blog?
Devido as momentâneas inspirações e sonhos do louco que vos escreve. Opa, olha o 'poeteiro' falando bonito de novo!

9 - Qual foi o último blog que você visitou?
Blog do Wilson, com boas infromações sobre futebol, cinema e (momento de êxtase!) MULHER!!! http://futebolmusicaetc.blogspot.com/. Outro blog bom é esse ai... cinema... http://oglobo.globo.com/blogs/cinema/#113940 e o último do Ricardo Noblat, http://oglobo.globo.com/pais/noblat/

10 - Por que resolveu participar deste meme?
No jargão popular... "Tomei vergonha na cara e fiz logo". Parecia interessante essa idéia e eu pensei de fazê-lo logo e parar de enrolar.