domingo, 11 de abril de 2010

Mesmice

Todos os dias são sempre iguais. Levanto e são como de costume aqueles minutos corridos pro banho e escovar de dentes. Quando dou conta estou andando com a mesma mochila nas costas dando passos que me distanciam de minha casa até o mesmo velho ponto de ônibus.

Pela janela, o mesmo trajeto e às vezes as mesmas pessoas sentadas dividindo a condução. É tudo tão previsível e enfadonho, estressante, uma agonia que permanece. O peso da mesmice é difícil de suportar, mas sempre faço possível pra isso mudar.

São os mesmos demônios pessoais que residem na minha mente, difíceis de serem exorcizados e sempre a Deus eu peço forças pra superá-los. Mas parecem que não se vão.

Ainda que não haja a resolução, me vem àqueles momentos de calmaria, como se houvesse uma descarga, higienizando a mente, o corpo, e a alma. É quando eu vejo e sinto com clareza como as coisas poderiam ser.

Tento descobrir o que se passa na minha cabeça, eu tento. É como se eu estivesse longe de algo que deveria ter. Algo que está errado. Mas apesar de estar longe, não está fora dos meus pensamentos, e o sentimento nunca foi embora. E eu sorrio e digo que tu do vai estar bem.

Não sei o que fazer desta vez, não sei como será daqui pra frente. Eu viajo nos pensamentos fingindo ter uma lembrança de como nós éramos. Mas isso nunca aconteceu.

O relógio aponta mais de dez da noite. Hora da volta. De mochilas nas costas e olhar nas mesmas paredes, teto, chão e fico esperando a chance de algo mudar como mágica já que nada do que fizera em um ano deu certo. Nada muda.

Nem me dou conta e já são uma, duas, três da manhã, deitado e olhando pro teto, sem sono e achando que o dia não acabou. Perguntando pra mim mesmo, e pra Deus se puder ouvir, que caminho trilhar pra voltar a viver aqueles dias em que tudo simplesmente estava em seu lugar.

Tenho uma bela vida: Família, casa, amigos... e o fato de reclamar, ou demonstrar uma insatisfação, me traz a sensação de quão ingrato estou sendo. Como é possível sentir falta de algo que nunca se teve? Eu sinto.

Faz muito tempo, garota, que quero lhe dar um recado na hora certa. Mas parece que eu sempre chegava atrasado e mesmo assim eu quero me aproximar de você, te dando o que sempre quis. Seria bom se não tentasse resistir e deixasse receber o que lhe tenho a dar.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

E agora, vem o quê?

Hoje é dia quente com asfalto em brasa, ar pesado de se respirar, acompanhada de uma longeva idéia não realizada na mente. É uma mistura de teimosia e persistência. Hoje também faz quase um ano desde o primeiro olá, do primeiro sorriso, do primeiro real interesse, talvez.

Foram mais de 300 dias de efervescência emocional, de uma inquietação interna e de constante reavaliação sobre mim, sobre o que sinto (novamente). Hoje, também, foi dia de uma maior injeção de realidade dando conta de que quero e preciso mudar, deixar de somente existir e começar a viver mais. De não mais estar imerso em solidão, não mais estar enclausurado no pensamento.

“Nenhum Homem é Uma Ilha” já disseram, mas certamente ao terem dito é porque assim alguém se sentiu, do contrário não faria sentido a expressão. E é assim que estive por vezes.
A vontade de mudar vem quando se depara com algo, ou especificamente alguém, que nos dá sentido. Passados esses mais de 300 dias e noites eu encontro as forças e inspirações para a mudança. Mas em paralelo, o fator da limitação que consegue ser tão grande e contrária àquela inspiração.

O problema de escrever isso é que soa como algo que alguém tem de dizer, acabando por não soar como algo em que realmente quer se falar. Talvez, o que determine a diferença seja a definição de um artista italiano chamado Carlotti. “O somatório de todas as partes a trabalharem em conjunto de tal forma que nada necessite ser acrescentado, retirado ou alterado…e isso és tu, és linda.” É nisso que penso ao vê-la jogar os cabelos, o balançar do quadril, os olhos expressivos e aqueles lábios provocantes.

Não seria só carnal, não se resumiria somente a pele, relação bicho homem-mulher, mordidas, estocadas e gemidos como sempre se resumiram o entra e sai de mulheres em minha vida. Gosto de pensar que haveria muito mais além disso.

Muito do que fiz até agora como ver o pôr-do-sol, ouvir aquela música que define a mim, fazer algo de significativo ou presenciar algo grandioso se reduz quando não há como compartilhar
desta experiência com aquela mesma dona do sorriso, e bondade, que emergem o melhor de mim. Ela não o faz por não poder, por jurar comprometimento a outro.

Mas não está somente em meu poder tornar real a mudança, e para Deus eu rezo para a solução mais satisfatória que pode haver. Eu tenho certeza mesmo é de que há algumas coisas no porão, como diria Rocky Balboa, e está na hora de lidar com elas.

É como na canção Electric Storm: “You're in my mind all of the time, I know that's not enough. If the sky can crack there must be someway back for love and only love…”